Nos últimos dias, mensagens alarmistas circularam nas redes sociais, sugerindo que os Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, poderiam suspender o acesso do Brasil ao sistema GPS (Global Positioning System) como forma de retaliação em um suposto conflito diplomático. A teoria, que ganhou força em plataformas como o X (antigo Twitter), apontava para impactos graves em setores como aviação, agronegócio e até no funcionamento do sistema bancário.
Apesar da repercussão, especialistas e veículos como o site Boatos.org classificam a informação como infundada. Não há qualquer declaração oficial do governo norte-americano ou de Trump indicando essa medida, e, tecnicamente, o bloqueio seletivo do sinal GPS em um país como o Brasil seria extremamente improvável e de difícil execução. Mas, afinal, o que aconteceria se o GPS fosse desativado? O Brasil ficaria completamente perdido?
Por que o GPS pode ser alvo de tensão?
O GPS (sigla para Global Positioning System) foi desenvolvido originalmente pelo Departamento de Defesa dos EUA, ainda na Guerra Fria, com objetivos militares. Com o tempo, passou a ser utilizado em diversas áreas da vida civil — de transporte a lazer — e hoje é considerado tão essencial quanto a internet.
Porém, como é um sistema controlado pelos EUA, outras potências não quiseram depender exclusivamente dele. O motivo é simples: em caso de conflito, ninguém quer ficar vulnerável a um eventual bloqueio de sinal. Isso levou à criação de sistemas próprios por parte da Rússia, China e União Europeia.
Quais são as alternativas ao GPS?
🛰 Beidou (China)
Criado pela China, o Beidou já cobre todo o planeta desde 2020. É o sistema com maior número de satélites em órbita atualmente e oferece serviços similares ao GPS, inclusive com boa precisão na Ásia.
Celulares das marcas Huawei, Xiaomi, OnePlus, e até iPhones e outros Androids modernos, já conseguem captar sinais do Beidou. Em alguns casos, ele permite até enviar mensagens de texto sem precisar de conexão celular tradicional.
🛰 Galileo (União Europeia)
Desenvolvido pela União Europeia, o Galileo foi criado com o objetivo de oferecer uma alternativa segura, precisa e independente ao GPS. No Brasil, o sistema já vem sendo usado em pesquisas científicas, monitoramento ambiental e por órgãos de segurança como bombeiros e polícias.
O Galileo é conhecido por sua alta precisão. Em situações de busca e resgate, por exemplo, ele localiza pessoas em áreas remotas com mais rapidez que o GPS tradicional.
🛰 Glonass (Rússia)
O Glonass é o sistema de navegação da Rússia e tem forte presença no Brasil: possui bases instaladas em universidades federais por todo o país. Esse acordo de cooperação permite que o Brasil tenha acesso à tecnologia e ajuda a melhorar a precisão do serviço em território nacional.
Desde 2022, o Glonass também opera de forma integrada ao Beidou, aumentando a confiabilidade de ambos os sistemas.
E o Brasil?
Apesar de usar majoritariamente o GPS no dia a dia, o Brasil já tem acesso técnico às alternativas globais. Isso significa que, em caso de um bloqueio do sistema de posicionamento americano, o país não estaria no escuro. A maioria dos smartphones modernos são equipados com receptores GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite) e consegue captar sinais de mais de um sistema ao mesmo tempo, garantindo navegação por satélite mesmo que o GPS falhe.
Além disso, o Brasil mantém relações diplomáticas amigáveis com a China, a Rússia e a União Europeia, o que facilita a cooperação técnica e o uso dessas tecnologias alternativas em solo nacional.